"Eu prefiro ser um otimista e estar errado do que ser um pessimista e estar certo"
Albert Einstein

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Texto complementar - Independências na América Espanhola

Olá pessoal,

Extensivo: Estou publicando um texto complementar à apostila sobre as emancipações na América Espanhola.

Intensivo: Há arquivos no Blog com várias questões sobre o Capítulo 3, um trabalho sobre Renascimento (Iconografia) e um texto sobre Reformas Religiosas.

Quaisquer dúvidas ou dificuldades, é só jogarem a palavra chave do que quiserem na ferramenta de busca, no lado direito superior do Blog.

Abraços a todos

Luiz

As contradições internas das sociedades coloniais e os interesses do Capitalismo inglês não permitiram que o domínio colonial espanhol permanecesse no século XIX. É importante percebermos que os movimentos de independência na América Espanhola não foram deflagrados por questões nacionalistas, e sim por interesses econômicos liberais das elites criollas regionais, visando o fim do monopólio colonial imposto pela metrópole.
A fragmentação política da América Espanhola após a independência se deveu não só ao histórico colonial, uma vez que a Espanha organizou a administração colonial de forma fragmentada e evitando trocas comerciais entre os vice-reinos, mas também às divergências entre as elites criollas, impedindo a formação de um poder político centralizado para toda a colônia.


Fatores de influência

 A propagação do Liberalismo: O pensamento liberal, o qual influenciou a independência dos EUA (1776) e grupos da Revolução Francesa também se difundiu entre as elites coloniais da América Espanhola. Ideais de liberdade econômica e de auto-determinação (direito de um povo governar a si próprio) serviram de justificativas filosóficas para luta contra o domínio espanhol.

 Ambição de poder das elites coloniais: Além das idéias liberais, o que mais impulsionou a luta contra a Espanha foi o reconhecimento pelas elites criollas de que a metrópole prejudicava seus interesses econômicos, pois ela dificultava as transações mercantis e restringia o desenvolvimento de certos setores produtivos, impondo sérias barreiras ao crescimento da elite colonial. Esta, por sua vez, queria poderes políticos autônomos para conduzir seu destino. O interesse das elites criollas em extinguir o monopólio colonial era comum também aos interesses ingleses, os quais queriam expandir mercados para seus produtos, e para concretizar tal objetivo apoiou movimentos de independência na América colonial.

 Domínio napoleônico sobre a Espanha: A luta pela independência das colônias espanholas teve como “empurrãozinho” a ocupação do trono espanhol por José Bonaparte, irmão de Napoleão. Inúmeros espanhóis lutaram contra o governante francês e essa luta espalhou-se pelas colônias. Era uma questão de se aproveitar o momento de fraqueza da administração colonial espanhola, e os criollos negaram-se a continuar obedecendo a metrópole dominada. Formaram-se então, juntas governamentais nas colônias, a partir das quais foram organizados os movimentos de libertação.

As lutas de Independência

O imenso império colonial espanhol desmoronou quase totalmente em um período de vinte anos.
Com a invasão da Espanha pelo Império Napoleônico e nomeação do irmão de Napoleão, José Bonaparte, ao trono espanhol em 1808, surgiram movimentos de sublevação nas colônias espanholas em prol da lealdade ao Rei espanhol destituído Fernando VII. Esses movimentos não tardaram em se tornar movimentos de emancipação em relação à metrópole.
A primeira tentativa ocorreu em 1811, no Vice-Reino da Nova Espanha (atual México) liderada pelo padre Hidalgo, mas fracassou. Mais tarde, outra tentativa em 1813 também foi reprimida, levando o padre Hidalgo à morte. Apenas em 1820, sob a liderança do general Itúrbide, o México se tornou independente da Espanha, sendo o general proclamado Imperador sob o título de Agostinho I, porém disputas entre as elites criollas locais fizeram com que Agostinho I abdicasse do trono e fosse fuzilado em 1823, abrindo caminho no México para uma República. Em 1821, a América Central proclamou sua independência. O Panamá anexou-se a Nova Granada e o restante, ao México. Em 1823, a América Central emancipou-se do México, formando as Províncias Unidas da América Central, abrangendo GuatemalaEl SalvadorNicaráguaHonduras e Costa Rica. Em 1838, a federação dissolveu-se, dando origem a Estados independentes. No Vice-Reino de Nova Granada, movimentos de independência desmembraram este vice-reino em Venezuela (1813)Colômbia (1819) e Equador (1822). Como líder das independências desses países destacou-se Simon Bolívar. No Vice-Reino do Peru, O’Higgins e San Martín organizaram o Exército dos Andes, libertando a região do domínio metropolitano e fragmentando a região em três países, Chile (1817)Peru (1821) e Bolívia, que se desmembrou do Peru em 1825. No Vice-Reino do Prata, movimentos de independência formaram o Paraguai (1811) e a Argentina (1816). O Uruguai, invadido pelo Brasil em 1816 e anexado sob o nome de Província Cisplatina, só conquistou sua independência em 1828. Apenas Cuba e Porto Rico continuaram sob domínio espanhol, até 1898, quando conseguiram se tornar independentes sob o apoio norte-americano (a dominação só mudou de um para outro).


A Fragmentação Política

Simon Bolivar, venezuelano, foi um dos líderes dos movimentos separatistas na América do Sul, junto com José de San Martin. Membro das elites criollas, sonhava com uma América independente, unida e republicana. Em 1826, Bolívar realizou o Congresso do Panamá, defendendo a unidade da América Latina e a solidariedade continental, o que representou a primeira grande manifestação de pan-americanismo. Seu ideal de unidade não se concretizara.
Apesar do sonho de Simon Bolivar de que as colônias espanholas deveriam formar um único país, o que ocorreu com o Império espanhol foi sua fragmentação em diversos países. Isso ocorreu devido aos interesses divergentes das elites criollas de cada região, surgindo a figura que denominamos de caudilho, um chefe político-militar que controlava toda a vida socioecônomica e política de suas regiões, um “manda-chuva”. Isso impedia uma organização que unificasse as diversas colônias. Outro fator se liga aos interesses dos Estados Unidos e da Inglaterra, que não queriam a formação de países unidos e fortificados na América. Para tal êxito, nutriam as rivalidades entre os caudilhos, estimulando dessa forma a fragmentação política. Além disso, historicamente não havia uma significativa ligação política e econômica entre as colônias espanholas, sendo estas diretamente interligadas à metrópole. Isso não ocorreu na Independência do Brasil porque D. Pedro I tratou de centralizar o poder em suas mãos e sufocar os movimentos separatistas. Mais tarde, no segundo Reinado, D. Pedro II, procurou estimular a idéia de nação brasileira, fortalecendo os laços  políticos e culturais entre as regiões do país.