"Eu prefiro ser um otimista e estar errado do que ser um pessimista e estar certo"
Albert Einstein

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gabarito comentado UERJ 2012 - 1º Exame de Qualificação - Ciências Humanas

Pessoal,
É com prazer,  muita dedicação e esforço, consegui elaborar um gabarito comentado de todas as questões de Ciências Humanas da UERJ 2012 1ª Qualificação e publicá-las aqui no Blog.
Os comentários estão em Itálico logo abaixo das questões.
Abraços a todos e bons estudos

Luiz Casemiro

44. A análise das pirâmides etárias possibilita perceber algumas tendências da dinâmica
demográfica de uma sociedade.
Observe a estrutura etária da população dos estados brasileiros em 2000:




A macrorregião brasileira que deverá demorar mais para concluir seu processo de transição
demográfica é a:
(A) Centro-Oeste
(B) Nordeste
(C) Sudeste
(D) Norte


As pirâmides etárias são dados estatísticos que indicam várias coisas numa sociedade, dentre elas a natalidade e a expectativa de vida da população. Um estreitamento da base indica que a natalidade está diminuindo, o que diminui também o número de jovens e proporcionalmente indica um envelhecimento da população.
Baixa natalidade e elevada expectativa de vida são indicadores de países desenvolvidos, uma vez que o conhecimento de métodos contraceptivos e boas condições de vida mexem na pirâmide, tornando-a mas retangular. Num país em guerra por exemplo, a faixa de homens entre 20 e 29 anos tem um "buraco", devido a faixa etária dos soldados.
A refião Norte indica, portanto, alta natalidade com a base da pirâmide larga. Por isso, a resposta é letra D.

45. Quando os auditores do Ministério do Trabalho entraram na casa de paredes descascadas num
bairro residencial da capital paulista, parecia improvável que dali sairiam peças costuradas
para uma das maiores redes de varejo do país. Não fossem as etiquetas da loja coladas aos
casacos, seria difícil acreditar que, através de uma empresa terceirizada, a rede pagava 20
centavos por peça a imigrantes bolivianos que costuravam das 8 da manhã às 10 da noite.
Os 16 trabalhadores suavam em dois cômodos sem janelas de 6 metros quadrados cada
um. Costurando casacos da marca da rede, havia dois menores de idade e dois jovens que
completaram 18 anos na oficina.
Adaptado de Época, 04/04/2011
A comparação entre modelos produtivos permite compreender a organização do modo
de produção capitalista a cada momento de sua história. Contudo, é comum verificar a
coexistência de características de modelos produtivos de épocas diferentes.

Na situação descrita na reportagem, identifica-se o seguinte par de características de
modelos distintos do capitalismo:
(A) organização fabril do taylorismo – legislação social fordista
(B) nível de tecnologia do neofordismo – perfil artesanal manchesteriano
(C) estratégia empresarial do toyotismo – relação de trabalho pré-fordista
(D) regulação estatal do pós-fordismo – padrão técnico sistêmico-flexível



A interpretação do texto nos leva a entender que a produção têxtil feita com trabalho ilegal e sem limite de jornada de trabalho é terceirizada, e terceirização é um processo no Toyotismo em que empresas visam diminuir seus custos passando para outras empresas contratadas a responsabilidade por determinados serviços ou produtos. No Toyotismo, a produção não é centralizada, um carro por exemplo pode ter um motor da Alemanha, faróis da China, e carroceria do Brasil. Tudo visando diminuir custos. Portanto, é uma estratégia empresarial toyotista.
Bolivianos costurando por R$0,20 indicam condições de trabalho desumanas, e anteriores a qualquer regulamentação. Portanto, anterior ao Fordismo, modelo de produção em quantidade com divisão das tarefas, visando o consumo em massa. No Fordismo, houve regulamentação da jornada de trabalho e de salários. O modelo fordista foi preponderante na primeira metade do século XX, sendo substituído pelo Toyotismo na década 70. Portanto, a resposta é C.


46.




Diversas experiências históricas da sociedade brasileira interferiram nas variações dos fluxos
imigratórios nos séculos XIX e XX.
Para o período situado entre 1880 e 1899, a variação indicada no gráfico associou-se ao
seguinte fator:
(A) expansão cafeeira
(B) crise da monarquia
(C) abolição da escravidão
(D) modernização industrial



A abolição da escravidão intensificou a imigração européia, promovendo a transição da mão-de-obra escrava para a assalariada, do Escravismo para o Capitalismo. Mas é válido ressaltar que desde o Império o governo brasileiro procurou aumentar a proporção de brancos no Brasil.
Particularmente, não concordo muito com o gabarito (resposta C) dessa questão por achar também que os imigrantes vieram impulsionados pela industrialização do período.

47. O município de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, dedica-se à moda íntima, sendo
um dos quatro projetos-pilotos priorizados pelo Sebrae para servir de modelo ao desenvolvimento
de iniciativas semelhantes no país.
O núcleo de Nova Friburgo, que emprega diretamente cerca de 20.000 pessoas, surgiu a partir
de pequenas iniciativas de produção. Hoje, são 800 empreendimentos, agora gradativamente
envolvidos em ações solidárias de mútuo desenvolvimento. Alguns deles estão reunidos em
quatro consórcios exportadores.
Adaptado de http://revistapegn.globo.com
Os padrões de localização industrial vêm se alterando desde o início da Revolução Industrial,
à medida que novas tecnologias e formas de gestão são desenvolvidas.
A reportagem acima exemplifica um padrão atual de localização industrial denominado:
(A) Arranjo Produtivo Local
(B) Zona Econômica Especial
(C) Distrito Central de Negócios
(D) Plataforma de Exportação Industrial


Essa é uma questão técnica. Arranjo Produtivo Local é quando várias empresas em um mesmo lugar competem entre si mas de ajudam e se complementam. É semelhante à feiras ou shoppings de informática: É um ponto de referência que atrai os consumidores pela variedade, e todo mundo ganha o seu. Ir em Olaria, em Nova Friburgo, a ter acesso a uma infinidade de modelos de roupa íntima.
Zona Ecoômica Especial é uma área com isenção de impostos e incentivos tributários para atrair capital estrangeiro. As ZEEs mais famosas são na China, mas tem em outros países, como na India e até na Argentina.
Distrito Central de Negócios não entendo muito bem não, mas acredito que seja semelhante ao Pólo Offshore em Macaé ou a ZEN em Rio das Ostras. Áreas que atraem empresas do mesmo ramo.
Plataforma de Exportação é o modelo econômico dos Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, Taiwan e Cingapura). Com investimento em educação e qualificação de mão-obra, atraíram capital estrangeiro em alta tecnologia, voltados para exportação, tornando países rurais com sérias dificuldades em países ricos e industrializados.

48.



Na tirinha, Calvin e o tigre Haroldo usam um globo terrestre para orientar sua viagem da
Califórnia, nos Estados Unidos, para o território do Yukon, no extremo norte do Canadá.
Considerando as áreas de origem e destino da viagem pretendida, nota-se que o tigre comete
um erro de interpretação no último quadrinho.
Esse erro mostra que Haroldo não sabe que o globo terrestre é elaborado com base no
seguinte elemento da linguagem cartográfica:
(A) escala pequena
(B) projeção azimutal
(C) técnica de anamorfose
(D) convenção equidistante


Questão técnica e difícil também. Não entendo muito de Cartografia, por isso não há muito que comentar essa questão, exceto pelo fato de que escala pequena é a adaptação do tamanho real  no mapa, e no caso da charge o personagem achou que era perto por que a distância no mapa pelo olhar era pequena. Gabarito A.

49. O Ministério da Saúde do Haiti informou que 4.030 pessoas morreram até 24 de janeiro de
2011, em decorrência da epidemia de cólera. A situação se agrava, pois o país ainda busca
a reconstrução depois do terremoto de 12 de janeiro de 2010, que devastou a capital Porto
Príncipe e outras cidades importantes.
Adaptado de http://operamundi.uol.com.br, 28/01/2011



As diferenças entre a reparação dos efeitos das catástofres ocorridas no Japão e no Haiti
estão relacionadas, respectivamente, a:
(A) desenvolvimento tecnológico − IDH baixo
(B) mão de obra qualificada − economia de base agrícola
(C) centralismo estatal − recursos internacionais escassos
(D) distribuição equilibrada de renda − criminalidade elevada



O Japão é um dos países mais ricos do mundo, e seu investimento em tecnologia é muito elevado. Isso se reflete na infra-estrutura, preparada para suportar tremores de alta potência.
 O Haiti é o país mais pobre das Américas, com o pior IDH, portanto sem ajuda financeira, humana e tecnológica, estão penando até hoje para reconstruir sua capital. O gabarito é letra A.
O fato do Haiti ter uma economia de base agrícola ou a alta criminalidade não justifica sua demora na reconstrução. A corrupção e desvio de ajuda humanitária seria uma resposta plausível.
O Japão não possui uma economia estatal centralizada, quem reconstruiu a estrada foi a concessionária responsável pela rodovia.

50. O Antropoceno, período geológico que começou quando o homem tomou o controle do
planeta, acelerou as emissões de CO2 e “desregulou a máquina do mundo”, afirma o glaciólogo
francês Claude Lorius, um pioneiro dos estudos sobre o clima, em seu novo livro, Viagem ao
Antropoceno. “O homem é um agente determinante da vida sobre a Terra”, explica o especialista
de 78 anos.
Adaptado de http://exame.abril.com.br, 05/01/2011
Ainda que não haja uma data específica proposta para o início do Antropoceno, ele está
associado à intensificação da ação humana sobre o ambiente.
Considerando essa associação, o início desse novo período geológico deve coincidir,
necessariamente, com o início da Idade que recebeu a seguinte denominação na História
Ocidental:
(A) Antiga
(B) Moderna
(C) Medieval
(D) Contemporânea

O homem passou a controlar o planeta após a industrialização, que revolucionou os sistemas de comunicação e de transportes. A Revolução Industrial marca, junto com a Revolução Francesa, o início da História Contemporânea. Por isso, a resposta é letra D.

51. Uma das mais promissoras formas de geração de energia é a solar, por ser limpa e
renovável. Contudo, sua disponibilidade não é homogênea, já que alguns fatores naturais
possibilitam maior produção desse tipo de energia em determinados lugares.
Analise abaixo o mapa solar do Chile, país com grande potencial de produção de eletricidade
solar:



A região chilena com maior potencial para o aproveitamento da energia solar é a que possui
o seguinte clima:
(A) equatorial
(B) desértico
(C) subtropical
(D) mediterrâneo


A área em vermelho no mapa é o Deserto do Atacama, no Norte do Chile. Portanto, era só assimilar a região ao clima (desértico, letra B). O Chile não possui clima equatorial, possui basicamente o clima Mediterrâneo no centro e temperado no Sul.




52.


A expansão do consumo de eletrodomésticos, como o televisor, foi uma das características
do processo de modernização da sociedade brasileira nas décadas de 1960 e 1970. Havia, no
entanto, contradições relacionadas ao exercício dos direitos políticos.
Uma dessas contradições estava associada ao seguinte aspecto:
(A) restrição do voto feminino
(B) supressão do poder legislativo
(C) proibição das associações sindicais
(D) cerceamento da representação partidária


Na Ditadura Militar (1964-85), não houve supressão do Poder Legislativo, nem do voto feminino. A proibição de sindicatos não pode ser vista como uma restrição política, e sim como restrição do direito civil de associação. Portanto, a resposta é D, porque a Ditadura limitou os partidos em dois, o ARENA (governo) e MDB (oposição), mas com uma dinâmica controlada pelo governo através dos Atos Institucionais.

53. O Iluminismo é a saída do homem do estado de tutela, pelo qual ele próprio é responsável.
O estado de tutela é a incapacidade de utilizar o próprio entendimento sem a condução de
outrem. Cada um é responsável por esse estado de tutela quando a causa se refere não a uma
insuficiência do entendimento, mas à insuficiência da resolução e da coragem para usá-lo sem
ser conduzido por outrem. Sapere aude!* Tenha a coragem de usar seu próprio entendimento.
Essa é a divisa do Iluminismo.
*Expressão latina que significa “tenha a coragem de saber, de aprender”.
No contexto da expansão capitalista no século XIX, uma das ideias centrais do Iluminismo, de
acordo com o texto, está associada diretamente à valorização da:
(A) superioridade técnica
(B) soberania econômica
(C) liberdade política
(D) razão científica


Questão de interpretação, o entendimento é a compreensão das coisas, somente satisfeita pelo uso da Razão. Senão entendemos, ficamos sob tutela ou a mercê de outras interpretações, podendo ser manipulados. O autor não está falando de liberdade política, de soberania ou de superioridade técnica. Ele está falando de conhecimento.
A Razão Científica não pode ser manipulada, uma vez que a Luz para os Iluministas é a Razão, única forma de compreender a verdade.
A valorização da razão científica no século XIX promoveu o desenvolvimento da filosofia Posivista, a qual vê a Ciência como necessária para a evolução da Humanidade. Portanto, a resposta é letra D.


54. O personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato, tornou-se mais conhecido na década
de 1930, por meio de anúncios publicitários, como o ilustrado abaixo:


Esse anúncio retratava aspectos da sociedade brasileira da época, expressando críticas
principalmente às condições de:
(A) acesso à escolarização
(B) assistência médico-hospitalar
(C) salubridade nas áreas rurais
(D) integração econômica regional



Questão de interpretação, as doenças de Jeca Tatu indicam as péssimas condições de vida no campo. A letra C é uma resposta mais completa que a letra B, sobre assistência médico-hospitalar.

55. No início de 2011, o mundo assistiu apreensivo e esperançoso ao sopro de inconformismo no
mundo árabe. Manifestantes contaram com a ajuda, em graus a serem precisados, de componentes
cada vez mais comuns em situações desse tipo: a internet e o telefone celular. Na Tunísia, ativistas
utilizaram Twitter e Facebook para organizar protestos. No Egito, blogs e também as redes sociais.
Os episódios reaquecem o debate sobre qual é, afinal, o potencial dessas tecnologias quando o
assunto é ativismo político e opõem dois grupos de analistas: os ciberutópicos, que acham que
blogs e celulares tudo podem, e os cibercéticos, que pensam o contrário. A revolução pode não
ser tuitada, no sentido de que um Twitter só não faz a revolução. Mas as que acontecerem no
século XXI, é certo, passarão pelo Twitter e similares.
Adaptado de http://veja.abril.com.br, 28/01/2011
A reportagem apresenta uma reflexão acerca das possibilidades e limitações do uso das
novas tecnologias no ativismo político no mundo atual.
As limitações existentes para o emprego dessas tecnologias são justificadas basicamente pela:
(A) disparidade regional quanto aos níveis de alfabetização
(B) hierarquização social relativa ao acesso às redes virtuais
(C) censura da mídia em função do intervencionismo governamental
(D) dispersão populacional devido às grandes extensões territoriais

Questão difícil, por envolver censo crítico a respeito da liberdade nas Comunicações, idéia que está implícta no texto. Quando o movimento rebelde se espalhou pela Líbia, Kadafi imediatamente mandou restringir o acesso a a Internet. Na China, por exemplo, os chineses não podem acessar o site que quiserem. Existe sim uma censura nos meios de comunicação em geral, desde que não atrapalhem a propaganda governamental. Acho o Brasil muito frágil e corrupto para descartarmos isso por aqui. Portanto, a resposta é C.

56. Os líderes dos países que integram os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –
encerraram seu terceiro encontro com um comunicado em que pedem conjunta e explicitamente,
pela primeira vez, mudanças no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O texto defende
reformas na ONU para aumentar a representatividade na instituição, além de alterações no
Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial. Para os líderes dos Brics, a reforma da
ONU é essencial, pois não é mais possível manter as formas institucionais erguidas logo após
a Segunda Guerra Mundial.
Adaptado de O Globo, 15/04/2011
Uma das principais mudanças no contexto internacional contemporâneo que se relaciona
com as reformas propostas pelos Brics está indicada em:
(A) afirmação da multipolaridade
(B) proliferação de armas atômicas
(C) hegemonia econômica dos E.U.A.
(D) diversificação dos fluxos de capitais

A ONU foi criada no contexto da Guerra Fria, ordem bipolar entre EUA e URSS que disputavam entre si áreas de influência. Com a queda da URSS em 1991, a diplomacia internacional  assumiu um caráter multipolar, mesmo países emergentes (membros do antigo 3º Mundo) como os BRICS, possuem influência no contexto mundial. Por isso, a resposta é A. A reivindicação desses países por reformas na ONU não tem nada a ver com armas atômicas, hegemonia dos EUA (ainda são a maior potência) nem fluxos de capitais.

57. O presidente Roosevelt, que governou os E.U.A. entre 1933 e 1945, solicitou a inclusão de Walt Disney na lista de visitas de celebridades hollywoodianas aos países sul-americanos. Após a visita, Disney retornou aos Estados Unidos e produziu os desenhos animados “Alô,
amigos” (1942) e “Os três cavaleiros” (1945), mais conhecido no Brasil como
“Você já foi à Bahia?”. Essas criações de Disney pretendiam resumir, no
plano simbólico, os laços de afeto e de cooperação que uniam os E.U.A. ao
Brasil.

As artes são frequentemente utilizadas como instrumento de propaganda política e
ideológica. Os desenhos de Disney, por exemplo, foram peça importante para a estratégia
geopolítica dos E.U.A. para a América Latina, como se observa no texto acima.
Essa estratégia geopolítica norte-americana foi concretizada na década de 1940 por meio de
um conjunto de ações que ficou conhecido como:
(A) Aliança para o Progresso
(B) Política da Boa Vizinhança
(C) América para os Americanos
(D) Doutrina do Destino Manifesto

A Política da Boa Vizinhança foi uma diretriz diplomática que buscou relações de amizade entre EUA e América Latina, extendendo sua influência e seus capitais. Produto disso é o Zé Carioca, personagem da Disney,  e a Carmem Miranda, que fez sucesso por lá. Foi nesse contexto que o Brasil entrou na 2ª Guerra junto com os EUA, em troca do dinheiro para construir a Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda. Portanto, a resposta é B.
Com o início da Guerra Fria, essa política foi posta de lado pelo receio do Comunismo utilizar os graves problemas sociais na América Latina como fermento para revoluções. Diante disso, os EUA mudaram sua política, combinando espionagem da CIA, apoio a grupos conservadores (Direita) e ajuda econômica para seus países aliados, intitulada como Aliança para o Progresso, procurando rechaçar movimentos como a Revolução Cubana de 1959. No Brasil, a Aliança para o Progresso coincidiu com o governo Jango e coma  Ditadura Militar.
América para os Americanos e Destino Manifesto são interligados no século XIX: O Destino Manifesto era um crença de que os EUA foram escolhidos para dominar o mundo, a América para os Americanos foi uma política de apoiar colônias  e ex-colônias européias na América, diminuindo a influência da Europa e aumentando a deles pelo nosso continente.

58. Uma das questões mais polêmicas da agricultura mundial diz respeito às centenas de
bilhões de dólares investidas todos os anos para dar apoio financeiro aos agricultores,
principalmente no mundo desenvolvido. Essa ajuda aumenta de modo artificial a
competitividade, prejudicando as vendas dos agricultores das nações pobres.
Analise o gráfico abaixo, que apresenta a estimativa de apoio estatal ao produtor rural em
percentual do PIB agrícola no ano de 2009:


Os cinco países com maior estimativa de dependência de subsídios para a agricultura
apresentam em comum as seguintes características:
(A) propriedades com área reduzida – elevado custo de produção
(B) atividades de caráter extensivo – baixa produtividade do setor primário
(C) insumos oriundos da importação – grande percentual de terras devolutas
(D) latifúndios voltados para a exportação – pequena população ativa no campo


Os subsídios agrícolas são uma ajuda financeira que os países ricos dão aos seus agricultores para melhorar a competitividade dos seus produtos, diminuindo seus preços artificialmente no mercado, ferindo o livre comércio. Em alguns países, o custo da produção agrícola é muito elevado, e os preços dos alimentos também seriam, se o governo não pagasse parte do seu valor. Os países que mais subsidiam agricultores são países pequenos, muito populosos, que possuem climas desfavoráveis, terras e solos proporcionalmente insuficientes para alimentar sua população com preços acessíveis, mesmo utilizando alta tecnologia no campo, numa produção de caráter intensivo. Obviamente, nenhum país quer depender da comida produzida em outro. Por isso, ajudam sua agricultura. Portanto, a resposta é A, indiscutivelmente.

59. Nessa forma de organizar o Estado, o sistema habilita o governo central a representar as
várias entidades territoriais que possuem interesses em comum – por exemplo, defesa,
relações exteriores e comunicações – e permite que essas entidades mantenham suas próprias
identidades, suas próprias leis, planos de ação e usos em diversos campos.
Adaptado de GLASSNER, Martin I. Geografía política. Buenos Aires: Editorial Docencia, 2000.
O texto acima remete a um elemento importante da organização das sociedades
contemporâneas: a dimensão político-territorial.
No caso, a descrição feita no texto diz respeito ao seguinte tipo de Estado Territorial:
(A) misto
(B) federal
(C) unitário
(D) associado

Estado Misto é aquele que combina políticas liberais e intervencionistas. O Brasil é um estado misto, que nos últimos anos procurou aumentar o papel do Estado na economia em relação ao investimento privado. Um Estado Unitário é aquele que não possui divisões por ser pequeno demais, então não se divide em províncias nem em Estados; Estado associado são grupos de Estados que formam sociedades econômicas, como Mercosul ou União Européia; Estado federal é o que se divide em vários estados, garantindo ampla autonomia  a cada um. O Estado do Rio possui um Exército próprio ( a política Militar), um governo próprio, com leis e impostos próprios, mas vincula-se a outros 26 Estados pela União, o Governo Federal. Portanto, a resposta é B.

60. Observe a foto do grupo de Lampião e Maria Bonita e o mapa que destaca a área do Nordeste
brasileiro onde o cangaço se disseminou nas décadas de 1920 e 1930.


O cangaço representou uma manifestação popular favorecida, basicamente, pela seguinte
característica da conjuntura social e política da época:
(A) cidadania restringida pelo voto censitário
(B) analfabetismo predominante nas áreas rurais
(C) criminalidade oriunda das taxas de desemprego
(D) hierarquização derivada da concentração fundiária


O Cangaço surgiu no Nordeste como efeito das péssimas condições de vida no sertão Nodestino, área destacada no mapa, com má distribuição de terras e controle dos açudes e fontes de água nas mãos de latifundiários. Então, é a desigualdade social no campo que provoca o cangaço, não tem nada a ver com desemprego, analfabetismo, nem voto censitário (este não existia na República).  Senão, o que explicaria desempregados e analfabetos rurais em outros lugares não pegarem em armas? Por isso, o gabarito é D.

sábado, 18 de junho de 2011

Qual lado do cérebro você usa?

Galera,

Lembra no Plano de Estudos que eu disse que usamos lados diferentes do cérebro ao fazer conta ou ler alguma coisa?

Pois bem, cliquem nessa figura




Ela está girando no sentido horário ou antí-horário?
Se você estiver vendo ela girar no sentido horário, significa que você trabalha mais o lado direito do cérebro. Se você estiver vendo ela girar no sentido anti-horário, significa que você trabalha mais o lado esquerdo do cérebro.Como saber se isso é verdade?Simples, se você está vendo girar no sentido horário, formule umas questões matemáticas, calculos numéricos, isso irá ativar o lado esquerdo do cérebro e ela passará a girar no sentido anti-horário. Se você está vendo a mulher girar no sentido anti-horário, cante uma música, imagine uma história, isso irá ativar o lado direito do cérebro e você ira ver a figura girar no sentido horário.


Abs


luiz

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Texto complementar - Revolução Francesa (1789-1815)

Pessoal,

Publico o texto que prometi sobre Revolução Francesa. Lembrando que na postagem anterior a essa tem informações sobre a Isenção da UERJ.
Pessoal do Intensivo, há um arquivo do lado direito do Blog com todas as postagens, por mês. é possível encontrar material sobre nossa primeira aula.

Abraços a todos, bons estudos e boas provas!!

Luiz


Brevemente as nações esclarecidas colocarão em julgamento aqueles que têm aqui governado os seus destinos. Os reis fugirão para os desertos, para a companhia dos animais selvagens que a eles se assemelham; e a Natureza recuperará os seus direitos.
Saint-Just; Sur La Constitution de la France, Discours prononcè à la Convention, 24 de abril de 1793

Este discurso histórico feito por um dos revolucionários franceses nos passa  qual influência eles tiveram e quais os seus objetivos políticos. “Nações esclarecidas” são as nações sob a influência do Iluminismo. “Colocar em julgamento” quem tem governado é um ataque direto ao poder divino dos Reis, e ao Absolutismo, que lhes davam direitos sobre as leis. Por fim, “a Natureza recuperará seus direitos” porque é do entendimento dos iluministas, e dos revolucionários franceses, que os homens possuem direitos naturais que não podem ser violados, como a liberdade e a igualdade jurídica.
Se a economia do mundo no século XIX foi formada principalmente sob a influência da revolução industrial inglesa, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revolução Francesa. Esta não marcou apenas o fim do Antigo Regime na França, mas assumiu um caráter de revolução mundial sob a bandeira do Iluminismo. Suas conseqüências são vistas até hoje em todo o mundo. Os conflitos internacionais entre 1789 e 1917 foram marcados por aqueles que lutavam a favor ou contra os ideais da Revolução Francesa.


A França pré-revolucionária

A França do século XVIII vivenciava uma contradição entre  a estrutura do Antigo Regime naquele país, baseada numa poderosa monarquia absolutista,  e a necessidade da França dinamizar sua economia nos moldes do Capitalismo. Apesar do crescimento do comércio externo francês (cerca de quatro vezes entre 1720 e 1780), ou da dinâmica colonial francesa, com importantes colônias na América, como Saint-Domingue,  a França não era uma potência como a Grã-Bretanha, cuja diretriz política já era determinada pelos interesses capitalistas.
A estrutura da sociedade feudal absolutista francesa travava qualquer tentativa de reformar ou adaptar a produção francesa às suas necessidades econômicas. Era essa visão reformista que Turgot possuía quando se tornou primeiro-ministro no período de 1774-76. Seus objetivos almejavam basicamente: maior eficiência na exploração da terra, liberalismo econômico e maior racionalização da administração, buscando mais eficácia na prática de governar. Porém, tais medidas se mostravam inaplicáveis  ou pouco prováveis de serem bem sucedidas diante do caráter geral da sociedade de Antigo Regime. Dessa forma, sendo o objetivo estimular a dinamização econômica, ficava cada vez mais claro que o Antigo Regime e sua ordem “não davam conta do recado”, sem contar a resistência   dos grupos privilegiados, como o clero e a nobreza.

A realidade da nobreza

A nobreza correspondia a apenas 400 mil pessoas num total de 23 milhões de franceses – a população européia no período é estimada em cerca de 125 milhões de pessoas – . Dentre seus privilégios podemos destacar a isenção de vários impostos (o clero possuía mais isenções fiscais) e o direito de receber tributos feudais, os impostos pagos pelos seus servos. Politicamente, orbitavam diante da monarquia absoluta, que procurava satisfazer seus interesses. A formação de uma noblesse de robetambém chamada de nobreza de toga, oriundos da burguesia que compravam títulos de nobreza frente ao Estadocriada pelos reis  para fins financeiros e administrativos, contribuía para a relativa marginalização da nobreza frente ao poder político efetivo.
A nobreza não possuía e muitas vezes eram até impedidos de exercerem alguma profissão. Economicamente, dependiam diretamente  dos tributos feudais e demais rendas de suas propriedades, ou se fossem nobres pertencentes a uma minoria que mantinha seu status com casamentos milionários ou pensões. A manutenção do status de nobre era elevada, ao mesmo tempo que as rendas dos nobres caíam, corroídas também pela inflação.
No decorrer do século XVIII, como resposta à decadência econômica, a nobreza conquistou gradualmente mais espaço na burocracia estatal, tirando proveito de serem membros de um estado social privilegiado. Não havia concursos públicos para suprirem a demanda humana da organização estatal, sendo a ocupação dos cargos derivadas muitas vezes do privilégio, e não do mérito – capacidade de uma pessoa exercer da melhor forma possível uma função, racionalizando e otimizando a estrutura estatal –.
 Para se ter uma idéia, neste processo de “apropriação do Estado” pela nobreza, em 1780 era necessário ser da alta nobreza para comprar uma patente no Exército, o bispado era composto somente por nobres e as intendências, base da administração, também estava nas mãos de nobres. Dessa forma, a burguesia era colocada para escanteio, enquanto a baixa nobreza procurava desesperadamente reverter sua falência explorando ao máximo os impostos feudais sobre os camponeses. Mas, se a nobreza estava passando por maus bocados, quem dirá os camponeses.


O estopim revolucionário

A França era o maior exemplo de sociedade feudal absolutista de seu tempo. Outros países europeus se espelhavam na França – assim como hoje muitos países buscam se espelhar nos EUA – . A sociedade estamental , dividida em clero, nobreza e povo, definia os pedaços da sociedade que não se misturavam., os estados ou castas privilegiadas, e o terceiro estado, que era a “muvuca”.
A grande maioria dos camponeses não tinha terras ou possuía em quantidade insuficiente, sendo sua situação ainda mais problemática pelo atraso técnico. Além disso, o aumento da população fez aumentar a fome de terra. Os impostos feudais, dízimos e taxas sugavam, junto com a inflação, a renda dos camponeses. Em relação à composição social do Terceiro Estado, cerca de 80% eram camponeses.
Quase a totalidade da população francesa possuía menos da metade das terras. Além desse fato, o clero e a nobreza não pagavam impostos. O 3º estado, a base da pirâmide social, era literalmente a base de sustentação da sociedade, pois eles pagavam impostos. Portanto, a melhor forma de definir a “muvuca” é dizer que o 3º Estado eram todos aqueles que não possuíam privilégios nem terras.
A crise financeira do Estado sem dúvida contribuía para este quadro. O envolvimento da França com a independência americana acarretou na falência de sua economia. O Estado francês gastava cerca de 20% a mais do que arrecadava, e mesmo os desperdícios de Versalhes não eram a matriz da crise, uma vez que os gastos com a corte correspondiam a 6% dos gastos totais, em 1788. Cerca de um quarto constituía gastos com a guerras, a Marinha e a diplomacia, enquanto metade era composta pelo serviço da dívida, os juros dela mesma. O envolvimento com a guerra de independência americana contribuiu diretamente para o colapso financeiro da França. O erro estratégico dos estados privilegiados foi desconsiderar as intenções e a grave crise social e econômica do Terceiro Estado, a casta dos não-privilegiados da sociedade feudal francesa.
Em meio aos graves problemas enfrentados pela França no período, o Rei Luis XVI nomeou o banqueiro Necker como ministro de finanças e convocou a Assembléia dos Estado Gerais, um órgão consultivo que reunia representantes do clero, da nobreza e do povo. Mas qualquer votação beneficiaria os estados privilegiados, uma vez que o voto não era por deputado e sim por estado, e clero e nobreza possuíam interesses em comum. A proposta de cobrar impostos sobre as castas privilegiadas foi facilmente freada na Assembléia, levando os deputados do Terceiro Estado a se rebelarem e organizarem a Assembléía Nacional Constituinte. Vejam bem... NACIONAL... eles queriam representar toda a nação, e não somente o estado social deles. O que constrói o sentimento de nação ou nacionalidade é o sentimento de igualdade desenvolvido pelo Iluminismo: independente do que somos (ricos, pobres etc) somos brasileiros. Antes da Revolução Francesa, isso não ocorria, sendo as pessoas ligadas muito mais ao seu estado social ou casta (portanto ao seu diferencial), ou a sua linhagem (hereditariedade) do que se sentirem semelhantes aos outros pela língua ou cultura. Mesmo assim, somos equivocados em achar que TODOS os países hoje são compostos por uma única nação... no mundo temos diversos exemplos de países com vários povos, muitas vezes rivais (na África não faltam guerras civis por isso).
A reação violenta do Rei Luis XVI, convocando seu exército real para reprimir os revoltosos, desencadeou uma forte mobilização popular, com formação de milícias armadas dispostas a enfrentar as tropas governamentais. A população atacou  e assumiu o controle da Bastilha, uma prisão régia e também um arsenal, no dia 14 de julho de 1789, sendo esta data considerada o início da Revolução Francesa. A fúria da população fez com que arrancassem pedra por pedra da Bastilha. Mulheres, crianças, idosos e homens unidos contra o Antigo Regime. Eles venceram.


A Fase Constituinte (1789-92)

A primeira coisa que devemos destacar é a mistura social que existe no 3º Estado, desde o burguês mais rico até o camponês mais pobre, e os sans – culottes (eram trabalhadores urbanos, artesãos, etc. Tinham esse apelido porque não usavam calças da nobreza, chamadas de culottes. Eram calças estranhas, apertadinhas, que pareciam de bailarina francesa, além daquela peruca para proteger de piolhos... mas os nobres não eram meigos, eram militares...).
O 3º Estado, que foi a parte da sociedade que se rebelou contra o Antigo regime, possuía várias propostas que não necessariamente atendiam aos interesses de todo o mundo. Essas diferenças vão fazer com que a revolução tenha várias fases. A 1ª delas foi a  Fase  Constituinte.
Anterior à elaboração de uma Constituição para a França, a qual garantiria o fim de privilégios sociais e submeter o o governante às leis, os revolucionários redigiram em agosto de 1789 a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a qual serviria como base para a futura Constituição. Composta por 17 artigos, seus princípios gerais defendiam a igualdade jurídica dos homens, o direito à liberdade individual e de expressão ou opinião, a propriedade – um direito “sagrado e inviolável”, à segurança, a resistência à opressão, e a noção de que os governos são representantes do povo e suas leis devem exprimir portanto a vontade geral da nação. Essa declaração exemplifica tudo o que estava no seio dos interesses da burguesia.
Mas o movimento revolucionário não estava sendo desencadeado só por ela. Os servos queriam a abolição das obrigações feudais, e os ataques camponeses aos castelos e abadias geraram uma onda de insegurança conhecida como o grande medo. A abolição da servidão feudal proposta pela Assembléia Nacional acalmou os ânimos dos camponeses, mas esse fato demonstrou que não seria simples conciliar interesses daqueles que queriam algumas reformas, como a alta burguesia, com aqueles que queriam mudanças significativas na estrutura da sociedade francesa.
Outra medida importante tomada pelos revolucionários foi a criação, em 1790, da Constituição Civil do Clero. Com esta, as terras e riquezas da Igreja foram confiscadas, sanando parte do problema financeiro do Estado, além de laicizar (desvincular a religião do poder político) o Estado francês.


Tolice achar que os outros países absolutistas iam apenas assistir o circo pegar fogo na França, não por peninha dos pobres franceses, mas com medo de que o fogo revolucionário se alastrasse também para seus territórios. A Áustria e a Prússia (hoje uma parte é a Alemanha e outra a Polônia) assinaram a Declaração de Pillnitz, afirmando que interviriam militarmente na França, mandando exércitos de mercenários para acabar com a Revolução e restaurar o Antigo Regime. Pensamos então que o Rei, Luis XVI, estava sob ameaça desses dois países? Não, na verdade o Rei, junto com membros da nobreza anti-revolucionária,, tramavam e conspiravam com os países invasores. Muitos nobres migraram para outros países, organizando a resistência para atacar a Revolução. O Rei, ao tentar fugir do país  para se encontrar com as tropas contra-revolucionárias, em junho de 1791, acabou sendo reconhecido quando estava ultrapassando a fronteira. Dizem que, mesmo disfarçado, ele foi reconhecido quando pagou com uma moeda a passagem pela fronteira, e vejam só, a carinha dele estava estampada na moeda... ele era o Rei!!! E agora, o que fazer com o pilantra fujão e traidor da pátria, Luis XVI?
O povo falava em República. A burguesia, com medo de mais confusão, resolveu defender o Rei. Eles disseram: O Rei é um pobre coitado minha gente... estava sendo seqüestrado pelas tropas invasoras, ele não tava fugindo, tadinho dele... Só que essa história da carochinha irritou ainda mais o povo. Agora vocês imaginem: o povo francês pegou em armas contra inimigos estrangeiros e contra inimigos na própria França, exatamente contra os conspiradores, o Rei e a nobreza, e a burguesia, que queria evitar tumultos. O único amor da burguesia em relação à pátria é pela moeda nacional...
A alta burguesia, como dito antes, queria uma reforma, e não uma revolução. A promulgação da Constituição Francesa, em setembro de 1791, estabelecia a Monarquia Constitucional, sendo Rei o mesmo de antes, Luis XVI, só que agora submetido às leis e com divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas democracia estava longe do vocabulário burguês, uma vez que foi estabelecido o voto censitário – voto de acordo com a renda do cidadão – nas eleições para o Parlamento francês. A tentativa de fuga de Luis XVI prejudicou os rumos dados pela burguesia, pois a mesma temia que se a Monarquia fosse abalada, perderiam o controle da revolução. Foi exatamente o que aconteceu: o Rei foi preso pela Comuna Insurreicional – uma milícia composta por populares – em agosto de 1792, ao mesmo tempo em que as tropas revolucionárias obtiveram a primeira vitória militar sobre tropas austríacas e prussianas.
Coma prisão do Rei, a Monarquia Constitucional perdeu sentido. O governo passou a ser executado pela Assembléia, agora denominada de Convenção Nacional.

A Convenção Nacional (1792-95)

O Rei foi preso, e aguardaria julgamento (imaginem como os reis abolutistas engoliram esse acontecimento...). No lugar da Monarquia, criou-se uma espécie de Parlamento, a Convenção Nacional, a qual teria o poder de governo no lugar do Rei.
Muitas e muitas vezes ouvimos na TV ou lemos nos jornais expressões do tipo “Partido dos Safados é de direita”, “Partido dos Pilantras é de esquerda”, ou então fulaninho de tal é de direita, ou de extrema direita. Pois bem, essa nomeação de direita e esquerda tem sua origem na Convenção Nacional. Nela, a alta burguesia, conservadora, contra maiores benefícios para os pobres, sentava nas cadeiras à direita. Eram os Girondinos. Os pequenos burgueses, médicos, advogados e sans-cullottes, mais preocupados com a questão social, distribuição de riquezas e etc, sentavam nas cadeiras à esquerda neste parlamento. Eram os Jacobinos. Exemplo: o Partido Nazista, de Hitler, era um partido de extrema-direita, ou seja, era um partido altamente conservador, ligado aos interesses dos ricos, e era extremo nos métodos para alcançar seus objetivos. O Democratas, do ex-Prefeito César Maia,  é um partido de extrema-direita, o PSOL, da Heloísa Helena, é um partido de esquerda, e por aí vai. Então, se você ouvir que partido e fulaninho é de direita, pode ter a certeza que ele não cheira bem...
Uma coalizão de países vizinhos resolvera atacar a França novamente, e olha que coisa legal: a Inglaterra, que já tinha acabado com absolutismo por lá, estava trocando figurinhas com os monarcas absolutistas... Absurdo? Tsc-tsc. No vale-tudo capitalista, igualdade e fraternidade é só em piada de iluminista português, pois a Inglaterra sabia que se os revolucionários vencessem de vez na França esta poderia se tornar uma forte concorrente capitalista no mercado internacional. A guerra mais uma vez acirrou os ânimos revolucionários, pois guerra gera inflação e fome, e os girondinos – que no primeiro momento estavam à frente na Convenção Nacional – não mostravam eficácia no combate aos problemas sociais e econômicos e nem aos invasores. Os sans-culottes já estavam virando sans-comida, sans-casa, sans-paciência... eles invadiram o prédio da Convenção, prenderam os deputados girondinos (de direita), e apoiaram um novo governo, composto apenas pelos jacobinos (de esquerda).

A radicalização total: A Ditadura Jacobina (1793-94)

Janeiro de 1793. Uma cabeça rola no chão da França. É a cabeça real de Luis XVI, julgado e condenado por tirania e traição, sendo guilhotinado. As gargantas absolutistas da Europa com certeza sentiram uma coceirinha... gulp!
Era a radicalização política. O governo jacobino foi o ponto na Revolução Francesa em que o radicalismo alcançou seu apogeu. Um governo forte ligado aos interesses dos menos favorecidos, liderado pelo advogado Robespierre e Saint-Just.
Os jacobinos criaram a Lei do Máximo, que congelava o preço das mercadorias. Assim, a inflação era freada, ajudando a população pobre a garantir seu sustento, mas em compensação deixando a alta burguesia danada, pois diminuía com isso seus lucros (a burguesia enriquece quando o povão se lasca). Criaram uma nova Constituição e um novo calendário, considerando o ano de 1793 como Ano I (daí imaginem até que ponto chegaram os caras, a ponto de desconsiderar o nascimento de Cristo como marco da nossa cronologia). Eles estabeleceram o sufrágio universal, que é o direito de voto a todos os cidadãos maiores de 21 anos – eles excluíram as mulheres – , e o direito à educação a todos os cidadãos. Além, disso os jacobinos aboliram a escravidão nas colônias francesas e ainda distribuíram as terras dos antigos senhores feudais aos camponeses, realizando uma  reforma agrária.
As tropas estrangeiras, como já foi dito há pouco, estavam marchando novamente em direção à França. Através do Comitê de Salvação Pública, Robespierre e Saint Just convocaram a mobilização geral da população contra os invasores, obtendo importantes vitórias e derrotando-os em seguida. Mas era preciso reprimir aqueles que eram contra o governo jacobino dentro da França. A peseguição desenfreada e a condenação sumária de suspeitos anti-revolucionários matou cerca de 35 mil pessoas. O problema é que nenhum extremismo é bom, com milhares de pessoas presas e centenas guilhotinadas. Muitas delas eram contra a Revolução, mas também muita gente inocente foi presa e punida. Este período é conhecido na história da Revolução Francesa como o Terror, a ponto de líderes jacobinos começarem também a serem perseguidos, como Danton e Hébert.
Apesar das medidas populares, a violência do Terror impopularizou o governo jacobino, abrindo brecha para que os girondinos dessem um golpe contra Robespierre, em julho de 1794. Era a Reação Termidoriana.


O Diretório (1795-99)

A alta burguesia reassume o controle do país novamente, prendendo os jacobinos e executando Robespierre. O governo ficaria a cargo de cinco diretores – o Diretório – .
A Revoulção precisava ganhar um rumo definitivo, mas inimigos externos e internos, além das disputas entre as diferentes classes sociais revolucionárias, impediam essa consolidação. No período do Diretório, realistas – defensores do retorno da dinastia Bourbon sob a Monarquia Absolutista – tentaram desfechar um golpe contra o governo em 1795, mas foram derrotados. Um segmento radical jacobino, liderado pelo jornalista Babeuf, formou uma conspiração revolucionária que tinha por objetivos formar uma sociedade igualitária, extinguindo a propriedade privada: era a Conspiração dos Iguais. Derrotada em 1796, Babeuf foi executado um ano depois.

Mas o que fazer para acabar com as guerras e dar um sossega-leão nos revolucionários mais radicais e nos reacionários?
Normalmente, achamos que apenas um governo forte é capaz de superar os problemas quando tudo vai mal. Foi assim com a Alemanha Nazista, foi assim com a ditadura militar aqui imposta em 1964, e é até hoje quando pensamos em eleger um presidente ansiamos que  ele irá resolver todos os problemas da nossa sociedade.
A França estava cansada de guerra e de instabilidade política. Era necessário uma figura exemplar, um herói, capaz de arrumar a casa e manter os invasores longe do quintal francês. Eis o nome: Napoleão Bonaparte. Através do Golpe do 18 Brumário, a alta burguesia coloca Napoleão no poder, em 1799.

O Consulado (1799 – 1804)

Napoleão foi nomeado Cônsul da França. Tratou de atender os interesses da burguesia, criando o Banco da França e a Sociedade Nacional de Fomento à Indústria, para ajudar a financiar os negócios da burguesia. Mas com certeza, o feito mais importante do consulado napoleônico foi o Código Civil, feito em 1804. A grande maioria dos países hoje usa o Código Civil napoleônico como base para seus códigos civis, inclusive o Brasil. Mas o que é Código Civil? É um conjunto de leis que definem os direitos e deveres  dos civis – pessoas que não são militares e nem da Igreja – dentre esses aqueles relacionados à propriedade. Exemplo: Nós temos direito à propriedade privada (você pode não ter nada na vida, mas pelo menos direito à ter alguma coisa você tem). O que define seus direitos sobre a sua caneta, ou a relação que você tem com seu patrão, está no Código Civil.
Isso foi uma maravilha para a burguesia, porque garantiu através da lei o direito à propriedade. Quanto aos trabalhadores, o Código Civil napoleônico proibia as greves e as manifestações por melhores salários (Napoleão foi posto no governo pela direita lembram?), mas ele foi esperto em não mexer na reforma agrária que a ditadura jacobina havia feito. Bondade? Talvez, mas é preciso lembrar que a maioria da população, cerca de 95%, era composta de camponeses... deixá-los furiosos não seria nem um pouco interessante... aliás, mais interessante ainda era o que o Código Civil napoleônico falava sobre as mulheres: elas deveriam ser TOTALMENTE obedientes aos homens. “Mas peraí professor, o código civil fala de propriedade!” Realmente... as mulheres para a burguesia faziam parte de suas propriedades, de seu patrimônio...
Nós vimos que no processo revolucionário a Igreja perdeu e muito do seu poder: perdeu terras para a reforma agrária jacobina e deixou de receber pensões do Estado. Porém, Napoleão demonstrou que sua habilidade não era só nos campos de batalha, mas na política também, fazendo as pazes com a Igreja em 1801, a chamada Concordata. Nela o Estado francês voltaria a pagar pensões ao clero. Por outro lado, Napoleão ganharia os elogios da Igreja perante aos fiéis, aumentando ainda mais sua popularidade. Quase um “Messias” francês...

O Império Napoleônico (1804 - 1815)

Em 1804, Napoleão propôs um plebiscito – uma consulta ao povo francês – questionando se eles queriam que ele se tornasse Imperador da França. Numa votação em que não faltaram maracutaias e muita fraude, Napoleão Bonaparte agora era Napoleão I, Imperador dos franceses. Uma coisa muito importante que precisa ser ressaltada: no Antigo Regime, o ritual de coroação do novo rei ou imperador era feito pela Igreja, o próprio papa inclusive era quem colocava a Coroa na cabeça do futuro governante. Na coroação de Napoleão, ele simplesmente tomou a coroa das mãos do papa e colocou em si mesmo. Isso significa que para Napoleão, ele estava sendo coroado pelas suas próprias virtudes, pelo seu talento, e não por Deus ou pela Igreja... uma idéia completamente diferente da que existia no Antigo Regime. O baixinho era petulante...
Os países vizinhos continuavam atirando pedras no telhado francês, porém perdiam as batalhas sucessivamente. Mas porquê? O exército nacional francês era muito superior aos exércitos de mercenários. Uma das causas é ideológica: o patriotismo do exército francês dava muito mais garra aos soldados do que os exércitos de mercenários, que não lutavam por um ideal, nem por um país, mas simplesmente por dinheiro. A outra razão era estratégica: a forma em que o exército da França se organizava para a guerra contribuía e muito para suas vitórias. Uma coisa interessante a ser ressaltado no período napoleônico: a França deixa de se defender dos países vizinhos, passando a atacá-los e dominá-los. A melhor defesa é o ataque!! O Império Napoleônico é portanto expansionista (olhar o mapa no final do resumo). A expansão territorial do Império francês levou a Revolução Francesa para os seus vizinhos, acabando com o absolutismo, com o feudalismo e impondo o Código Civil de 1804 nos mesmos.
A França era quase imbatível por terra, não foi à toa que ganhou várias guerras no período. Mas no mar... a marinha inglesa, na batalha naval de Trafalgar, em 1805, arruinou a marinha francesa. Para se vingar da Inglaterra, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, proibindo a Europa de comercializar com a mesma. A intensão era fazer com que ninguém comprasse produtos ingleses, levando os industriais e comerciantes à falência, e com eles a própria Inglaterra.
O problema é que alguns países europeus eram dependentes da economia inglesa, e a França não tinha capacidade econômica para abastecer a Europa de produtos antes vendidos pelos ingleses. É nesse contexto em que a corte real portuguesa vêm para o Brasil. Portugal não cumpre o Bloqueio Continental, e Napoleão manda invadir Portugal. Os nobres portugueses, sob a escolta dos ingleses, abandonam Portugal e fogem “heroicamente” para o Brasil, deixando o povo português morrer “heroicamente” com as tropas napoleônicas. Mas os nobres ficaram muito tristes em fazerem isso, até choraram porque estavam abandonando seu povo...
Em 1810, a Rússia decide também descumprir o bloqueio, pois sua economia estava sendo muito prejudicada. Adivinhem o que o Imperador fez... mandou invadir a Rússia.

A queda do Império Napoleônico

A guerra com a Rússia foi uma catástrofe para a França. De 600 mil soldados, só 30 mil voltaram para contar a história. Força do exército russo? Não. A causa se deve à estratégia de terra arrasada utilizada pelo povo russo.. Os russos fugiam para o interior do país, mas antes queimavam tudo o que poderia ser saqueado pelas tropas invasoras. Dessa forma o exército não tinha como se reabastecer, e para piorar  mais ainda, o inverno russo fez milhares de soldados franceses virarem sorvete nos seus 30 graus negativos. Foi a primeira grande derrota da França revolucionária.
O segundo fator para a queda do Império se deve à relação de opressão sobre os países anexados, tendo que pagar tributos, só comprar produtos franceses e ainda ter que deixar de produzir outras coisas para que precisassem comprar da França. O  descontentamento dos povos dominados alimentaram uma ideologia que inclusive fora criada na Revolução Francesa: o Nacionalismo. Era necessário lutar contra o opressor estrangeiro, libertando a Nação.
O Império enfraquecido abriu espaço para que os contra-revolucionários (aqueles que não queriam que a Revolução Francesa tivesse acontecido, pois queriam tudo como era antes, no Antigo Regime) tomassem o poder. Napoleão é preso em 1813 e mandado para a Ilha de Elba, no Mar Mediterrâneo. O traseiro que vai sentar no trono agora é de Luis XVIII, irmão do guilhotinado Luis XVI, restaurando a Dinastia Bourbon Literalmente, era uma tentativa de fazer com que a roda da história andasse para trás, o que é impossível.
Napoleão consegue fugir de sua prisão e volta à França, em junho de 1815. Luis XVIII, ao saber que o convidado especial estava chegando, tratou de dar o pinote, com medo de que sua cabeça também rolasse pelo chão... Bonaparte governou por exatos 100 dias, até a famosa e importantíssima Batalha de Waterloo, quando as tropas francesas perderam para os exércitos da Prússia e Áustria, com o apoio dos ingleses. Dessa vez, Napoleão vai ser mandado para a Ilha de Santa Helena, na costa da África, onde vai morrer em 1821.




Apêndice:

Bandeira do Brasil

Viva o verde-amarelo!!! São as cores da Nação brasileira!! Copa do Mundo você só vê isso pela rua... qual o significado delas? O verde das nossas matas? A riqueza mineral, o ouro? Tudo conversa pra boi dormir. O verde e o amarelo eram as cores da família de Bragança, a mesma do Imperador D. Pedro I e D. Pedro II. Cada família de nobres na Europa tinham suas cores e o seu brasão, representando sua linhagem, sua família.
Quanto ao formato da nossa bandeira, com um losango no meio (não confundam... o círculo azul e a faixa com a frase “Ordem e Progresso” só foram introduzidas na nossa bandeira depois da República. A bandeira do Império brasileiro era parecida com a nossa hoje, só que ao invés do círculo azul, tinha um brasão imperial) foi imitado dos estandartes dos regimentos de Napoleão, que tinham um losango no meio também. D. Pedro I era fã de Napoleão Bonaparte, apesar deste ter invadido Portugal e fazer com que sua família fugisse às pressas para o Brasil. Vira-casaca do contra né... o cara era fã de quem tentou dominar seu país... vamos fazer a mesma coisa... vamos todos virar fãs do Bush!!! Viva os EUA!!


Calendário Republicano

Instituído pela Convenção Nacional em 1793, durante a Revolução Francesa (1789). É um calendário de base solar. O ano começa no equinócio de outono (22 de setembro, no hemisfério norte), data da proclamação da República francesa. É composto de 12 meses de 30 dias, com mais cinco ou seis dias complementares, consagrados à celebração de festas republicanas. No total, são 365 dias e a cada quatro anos há um bissexto.Os nomes dos meses republicanos são baseados nas condições climáticas e agrícolas: vendemiário, brumário, frimário (no outono); nivoso, pluvioso, ventoso (no inverno); germinal, florial, pradial (na primavera); e messidor, termidor e frutidor (no verão).Os meses são subdivididos em três períodos de dez dias, chamados "décadas". Os dias de cada década recebem o nome de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi. Em 1805, Napoleão I substituiu o calendário republicano pelo gregoriano novamente.

Hino da Nação

O Hino da França foi escrito em 1792, por um oficial francês, em meio às invasões estrangeiras, pois os vizinhos da França ficaram com medo do vizinho barulhento e resolveram dar um jeitinho. É muito importante que leiam atentamente, não só porque é um hino bonito (apesar de ser francês) mas porque é uma fonte histórica, um documento que vocês podem tirar as suas  próprias conclusões, e não as minhas ou as de qualquer outra pessoa. História é uma construção que nós fazemos, ou fazem por nós.






A Marselhesa



Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou.
Contra nós, da tirania
O estandarte ensanguentado se ergueu.
O estandarte ensanguentado se ergueu.
Ouvis nos campos
Rugirem esses ferozes soldados?
Vêm eles até aos nossos braços
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro
Agüe o nosso arado
2
O que quer essa horda de escravos
de traidores, de reis conjurados?
Para quem (são) esses ignóbeis entraves
Esses grilhões há muito tempo preparados?
Esses grilhões há muito tempo preparados?
Franceses! A vós, ah! que ultraje!
Que comoção deve suscitar!
É a nós que consideram
retornar à antiga escravidão!
3
O quê! Tais multidões estrangeiras
Fariam a lei em nossos lares!
O quê! Essas falanges mercenárias
Arrasariam os nossos nobres guerreiros
Arrasariam os nossos nobres guerreiros
Grande Deus! Por mãos acorrentadas
Nossas frontes sob o jugo se curvariam
E déspotas vis tornar-se-iam
Os mestres dos nossos destinos!
4
Tremei, tiranos! e vós pérfidos,
O opróbrio de todos os partidos,
Tremei! vossos projetos parricidas
Vão enfim receber seu preço!
Vão enfim receber seu preço!
Somos todos soldados para vos combater.
Se tombam os nossos jovens heróis
A terra de novo os produz
Contra vós, todos prontos a vos vencer!
5
Franceses, guerreiros magnânimos,
Levai ou retende os vossos tiros!
Poupai essas tristes vítimas
A contragosto armando-se contra nós.
A contragosto armando-se contra nós.
Mas esses déspotas sanguinários
Mas os cúmplices de Bouillé,
Todos os tigres que, sem piedade,
Rasgam o seio de suas mães!
6
Amor Sagrado pela Pátria
Conduz, sustém-nos os braços vingativos.
Liberdade, liberdade querida,
Combate com os teus defensores!
Combate com os teus defensores!
Sob as nossas bandeiras, que a vitória
Chegue logo às tuas vozes viris!
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo, e nós a nossa glória.
A estrofe seguinte, a sétima, cujo autor continua até hoje desconhecido, foi acrescida em 1792.
7
Entraremos na batalha
Quando nossos anciãos não mais lá estiverem.
Lá encontraremos as suas cinzas
E o resquício das suas virtudes!
E o resquício das suas virtudes!
Bem menos desejosos de lhes sobreviver
Que de partilhar o seu esquife,
Teremos o sublime orgulho
De os vingar ou os seguir.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Isenção da UERJ

Olá pessoal do PVS SPE,

Divulgo o código de isenção da UERJ e informações para deixar os documentos no Pólo:


Código de isenção UERJ: PVC09095 (tentar PVC09095 ou 09095).
Entrega das cópias dos documentos no envelope com o nome do aluno, pólo e escrito ISENÇÃO UERJ.

Horário para entrega  16 e 17/06 no pólo CEDERJ (CIEP) 13:00 às 19:00. Procurar por Fátima.

Fiquem atentos a documentação para correr risco de indeferimento do pedido.

Abraços

Luiz

domingo, 5 de junho de 2011

Texto complementar - Liberalismo e Iluminismo


Prezados,

Como prometi na aula de ontem, estou publicando alguns textos meus sobre o capítulo 7. Este é sobre o Liberalismo e o Iluminismo.

Abraços

Luiz


Estamos trabalhando as transformações ocorridas no século XVIII, primeiramente na Europa, mas que acabou  se difundindo pelo mundo. A sociedade feudal européia dava sinais claros de exaustão perante o avanço do Capitalismo. O Século das Luzes, nome dado ao século XVIII devido às idéias iluministas, foi um marco na transformação das sociedades feudais para a ordem capitalista a partir deste momento. Nesta transformação, o Liberalismo e o Iluminismo foram suas fontes ideológicas.

O Liberalismo

O Liberalismo abrange um conceito amplo de idéias políticas, sociais e econômicas. No âmbito político e social, a teoria liberal propõe a idéia de um governo representativo, ou seja, o fato do poder político ter o papel de representar os cidadãos, garantindo os direitos e liberdades dos mesmos, iguais perante à Constituição. Haveria um “Contrato Social” entre governo e sociedade.
A idéia mais desenvolvida do Liberalismo político é a de democracia liberal, na qual os cidadãos escolhem pelo voto seus representantes políticos. Porém, não vemos exemplos de Liberalismo apenas na República moderna, pois há exemplos de monarquias parlamentares, cujos reis não são eleitos, mas também não deixam de ser representantes da sociedade por isso, e os parlamentares por sua vez são eleitos pelos cidadãos.
As liberdades individuais, garantidas politicamente, compõem o aspecto social do Liberalismo, além do forte apelo ao individualismo, ou seja, a noção de que os interesses individuais e a busca pelo próprio sucesso econômico acabam servindo como benefício para a ordem social como um todo. A sociedade liberal não é uma sociedade coletiva: ela é uma sociedade de indivíduos.
O trabalho constitui prática importante para a teoria liberal, pois o pecúlio ou riqueza derivados do mesmo seriam dignos se comparados à riqueza das castas sociais do Antigo Regime que não trabalhavam para produzir riqueza, como os nobres e o clero. Dessa forma, a sociedade liberal valoriza o mérito (ter fazendo por merecer) em detrimento do privilégio (ter sem fazer por merecer).
No âmbito econômico, a teoria liberal defende a noção de que a economia possui leis próprias, naturais, e por isso seria prejudicial a intervenção do Estado na mesma. O conceito de economia liberal trabalha a idéia de livre mercado, ou livre comércio, de forma que as trocas comerciais e as atividades econômicas devem ser feitas por elas mesmas, sem uma regulamentação ou privilégio de um grupo perante outro, garantindo dessa forma a livre competição. Vale ressaltar que o conceito de Liberalismo econômico é desenvolvido em um contexto histórico europeu de intervenção do Estado na economia, através do Mercantilismo, servindo, portanto, de crítica às práticas mercantilistas, e também aos monopólios coloniais mantidos pelas metrópoles européias.

A teoria do Liberalismo é uma gracinha, mas na prática serviu (e ainda serve) a interesses de dominação econômica das potências imperialistas. O discurso liberal é utilizado em relação ao outro, mas as potências econômicas sempre mantiveram mecanismos de proteção para suas economias, privilegiando suas fatias nas trocas comerciais e favorecendo grupos econômicos nacionais.




Pensadores do Liberalismo:


John Locke (1632-1704): Além de defender a idéia de governo representativo, na qual a legitimidade do poder se encontraria na vontade ou consentimento dos governados, Locke enfatizava a importância inabalável do direito à propriedade e à liberdade, ambos direitos precedentes ao governo, pois a existência do poder político seria justificada por Locke pela necessidade de proteger os direitos dos indivíduos.

Adam Smith (1723-1790): Economista inglês, em sua obra entitulada “A Riqueza das Nações (1776)”, Adam Smith defende a livre concorrência e o livre mercado, no qual a “mão invisível” da economia seria responsável pelo equilíbrio entre os interesses particulares e os interesses comuns ou públicos. Dessa forma, criticava qualquer intervenção dos governos na dinâmica econômica.
Além da economia de livre mercado, Adam Smith ressaltava a importância dos interesses dos individuais, e que os governos deveriam defender os interesses dos homens, garantindo-lhes a felicidade.

David Ricardo (1772-1823): Economista inglês, sucessor de Adam Smith no Liberalismo Econômico, David Ricardo explicou em seu livro Ensaio sobre a influência do baixo preço dos cereais nos lucros da bolsa (1815), como os lucros aumentavam com a redução de salários, e como o aumento deste não provocava inflação, além disso, dizia que o desemprego no sistema capitalista era um fenômeno limitado.

 

Iluminismo: Um pensamento contestador


O Antigo Regime (nome dado à sociedade feudal européia) era regido por explicações religiosas, como já dito, propagadas pela Igreja Católica. Exemplos práticos disso: a exploração feudal seria uma vontade divina: pobres são pobres e ricos são ricos porque Deus queria que as coisas fossem assim e ponto final. Tudo seguiria uma ordem divina. Mas qual a finalidade disso? Os grupos dominantes nessa sociedade, a nobreza e o clero, perpetuavam seu domínio e exploração sobre o restante da população, na medida em que buscavam legitimar seu poder na sociedade e seu lugar na hierarquia social do Antigo Regime pela vontade de Deus. Em uma sociedade supersticiosa, tradicional e teocêntrica, imaginem o respeito que ampla camada da população tinha por essa explicação sobre a sociedade feudal.
Para todos nós, hoje, nos parece ridículo o comportamento de submissão dos pobres camponeses nessa sociedade. Porque não duvidaram dessas explicações? Digamos que não era muito fácil. Primeiro, 90 a 97% da população européia no período era rural, o que significa entre outras coisas dizer que a difusão de informações, e idéias, quem dirá união de camponeses dispersos no campo, não era de modo algum simples. Não foi à toa que as idéias iluministas surgiram nas pequenas cidades que existiam na época.
Os iluministas fizeram várias críticas ao Antigo Regime. Na verdade o Iluminismo é uma continuidade do processo renascentista, de contestação às idéias pré-estabelecidas, e a busca da verdade através da Razão. Acontece que esses pensadores iam além disso, buscando a verdade da sociedade como um todo através do racionalismo. Vejamos: Alguém já parou pra pensar porque o Rei era Rei no Antigo Regime? Acertou quem pensou na vontade divina. Reis seriam representantes de Deus na terra, lindo não? Os iluministas vão dizer o seguinte: O poder dos Reis deve se fiar no próprio povo. Quem tem poder tem por dois caminhos: pela força, ou pelo consentimento da sociedade como um todo.




Educação Universal: uma bandeira iluminista


Quem foi que disse que todos os homens e mulheres possuem direito à educação? Que todos são iguais perante a Lei e que todos devem gozar de liberdade individual? Tudo isso que falamos e ouvimos no dia a dia são idéias iluministas.
Sobre  a educação: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), um dos pensadores iluministas, dizia que o homem é produto do meio em que vive. Ele é bom por natureza, a sociedade é que o corrompe. Como fazer para mudar a sociedade? Reeducar todos os homens, mas não uma educação religiosa, conservadora, mas sim uma educação racional, pois a Razão é a luz que vai combater as trevas da ignorância.
Uma historinha interessante: em 1755, a cidade de Lisboa, capital de Portugal, foi arrasada por um terremoto. Milhares de pessoas morreram. Explicação da Igreja? “O terremoto foi um castigo de Deus para punir os pecados dos portugueses. Os sobreviventes precisam ser investigados”. Sabem aonde? Naquele tribunal super bacana, aquele do óleo fervente nos pés, o Tribunal da Santa Inquisição, deixando de morrer esmagado para morrer tostado na fogueira (qual morte vocês escolheriam rsrsrs). Os iluministas ficaram revoltados com isso, pois os acontecimentos naturais devem ser explicados por leis científicas, e não por fanatismo. Nem imaginamos o quanto devemos aos iluministas!!



Principais idéias defendidas pelo Iluminismo:

 - Liberdade: Todos os homens nascem livres, e devem gozar de liberdade individual, de poder ler, escrever e falar o que bem entender, de seguir a religião que quiser seguir. Mas e os escravos e os servos? O Direito à Liberdade é um direito universal, os iluministas eram contra a escravidão, a servidão feudal e as torturas.

 - Igualdade JURÍDICA: Todos os homens devem ser iguais perante a Lei. Assim, os iluministas atacavam o Antigo Regime, que era uma sociedade estamental, ou seja, cada estado social (clero, nobreza e povo) era diferenciado perante a Lei, no tocante aos impostos e aos privilégios. Lembrando que isso era hereditário (filhinho de peixe peixinho é... filhinho de nobre nobrezinho é e por aí vai). Vale ressaltar que igualdade jurídica não é igualdade social: podem existir ricos e pobres, mas ambos tem os mesmo direitos perante a lei (conversa pra boi dormir né... mas era o que os iluministas defendiam ok?).

 - Fraternidade ou Tolerância: Ninguém podia ser punido por defender idéias políticas e religiosas diferentes. Deve haver tolerância e fraternidade entre os homens.

 - Constituição e separação do poder: Os iluministas defendiam leis únicas para toda a Nação (uma Constituição), as quais todos, inclusive o Rei, deveriam obedecê-las. O poder político também tem que ser dividido, o Executivo (quem executa as Leis), o Legislativo (quem faz as Leis) e o Judiciário (quem julga as Leis). Estes são alguns princípios básicos do liberalismo, idéia que trataremos quando falarmos do século XIX.

Principais pensadores iluministas:

 - Montesquieu (1689-1755): autor do livro “Do Espírito das Leis”, no qual defendia a separação dos poderes e a igualdade entre eles: o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

 - Voltaire (1694-1778): Extremamente sarcástico, foi autor do livro “Dicionário Filosófico”, cheio de piadas contra os ignorantes, fanáticos e opressores. Criticava a intolerância do Estado e da Igreja. Foi ele quem disse a frase “Que Deus me livre dos meus amigos, porque dos meus inimigos me livro eu”.

 - Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): citado no início do resumo, achava que a sociedade é que corrompe o indivíduo, sendo necessário educá-lo. No livro “O Contrato Social”, defende que a sociedade e o Estado nasceram da vontade dos homens e que portanto seus governos devem escolhidos por todos os cidadãos. Rousseau era um forte defensor da democracia.