"Eu prefiro ser um otimista e estar errado do que ser um pessimista e estar certo"
Albert Einstein

domingo, 4 de setembro de 2011

Gabarito comentado - Simulado UERJ do PVS 2011

Amigos,

Como prometi ontem, estou publicando o  gabarito comentado que preparei.
Não posso publicar a prova aqui, por ser exclusiva dos alunos do  PVS. Os alunos do PVS que quiserem ter acesso ao Simulado, acessem pelo link http://pvs.cederj.edu.br/sys/2011_AL_simulado_objetivo_02/ colocando suas informações pessoais.

Bons estudos

Casemiro





GABARITO COMENTADO – SIMULADO UERJ 2011 – HISTÓRIA

1.     1.  Galileu é um homem típico do Renascimento. Esse movimento intelectual e filosófico não pode ser encarado como um movimento ateu por fazer a contraposição entre Teocentrismo e Antropocentrismo. Ambas são teorias sobre construção do conhecimento: a primeira utiliza explicações religiosas e se legitima na autoridade religiosa, a segunda utiliza explicações racionais/científicas e se legitima na experiência ou observação.

Galileu, quando diz que “ Natureza foi escrita em caracteres matemáticos” não está dizendo que Deus não existe. Está dizendo que a Matemática é uma ferramenta científica que serve como linguagem para decifrarmos o Universo, compreendendo seus mecanismo e sua ordem.

Portanto, a relação entre Deus, homens e Natureza é alterada no Renascimento. Deus é o Criador e detentor da Razão e da Verdade, os homens querem compreendê-la observando a Natureza e a si próprio. Portanto, é letra A.

Não é a letra B porque a Igreja medieval não defendia a imobilidade do Universo, e sim que todos os astros giravam em torno da Terra (Geocentrismo), porque Deus escolheu nosso planeta para a Humanidade viver, mandando inclusive Jesus Cristo para cá.

Não é a letra C porque, como já foi dito, Galileu e os renascentistas não contestavam o Criacionismo.

Não é letra D porque se os Reis se opunham à ciência, então o que foi a Expansão Marítima?  Foi apoiada e financiada pelos Reis de Portugal e Espanha, e é fruto do pensamento renascentista, da observação e da busca pela verdade, pois os europeus acreditavam em várias coisas (terra plana como uma pizza, monstros marinhos, etc...).

2.      2. A Idade Média é um período de pobreza e isolamento na Europa, não em outros lugares. A África e a Ásia pussuíam intensas redes de comércio, e o Islamismo de alguma forma contribuía para as relações econômicas e culturais de longa distância. Quando Vasco da Gama, na sua viagem para a India em 1498, passou pela África Oriental, descobriu uma vasta rede de comércio ligando essa região a diversas regiões da Ásia. Portanto, é Letra A.

Não é letra B porque a instalação de feitorias no litoral não era para construção de navios, eram depósitos fortificados que serviam de ponto de encontro entre africanos e europeus para trocas comerciais, dentre elas o comércio de escravos. Quanto aos navios, eles paravam para  reparos e para obtenção de água e comida, mas fabricação já era uma coisa mais delicada porque não é qualquer madeira que resiste à marisia. Além disso, a engenharia naval portuguesa possuía técnicas que eles não gostariam de compartilhar com outros povos.

Não é letra C porque, como já dito, os europeus só conheceram essa região no final do século XV, quando Vasco da Gama passou por lá.

Não é letra D porque ela indica que as cidades da África Oriental eram ricas por evitarem o comércio com a India e a China, enquanto na verdade é o contrário, é exatamente o comércio com essas regiões que contribuía para o desenvolvimento econômico da costa oriental africana.

3.     3.  É uma questão de interpretação: a imagem fala que caravelas rumo ao Brasil estavam com passagens esgotadas, então já indica que se refere a vinda de estrangeiros para cá. Se fosse passagem esgotada para algum lugar no Brasil, aí talvez poderia nos indicar um deslocamento dentro do próprio país.
A descoberta do ouro no Brasil nas região das Minas provocou uma avalanche populacional para a região, atraídos pela possibilidade de enriquecimento. Inclusive, esse fato provocou graves crises de desabastecimento de comida na região e inflação, sendo comum relatos de pessoas famintas comendo insetos para aliviar a fome.
A mineração contribuiu para o incremento populacional da colônia e particularmente das Minas Gerais, sendo essa região alvo de políticas metropolitanas que visavam maior fiscalização da exploração mineradora, daí a criação das Casas de Fundição, e vários impostos aumentando a arrecadação. Para melhor controle da produção aurífera, a capital colonial foi transferida para o Rio de Janeiro em 1763, principal porto de exportação da produção de ouro no Brasil colonial.
Por isso, a única alternativa com uma interpretação correta da imagem é a Letra D.

4.      4. Questão de interpretação: o trecho “estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém” critica o fato da terra pertencer a alguns, e não a todos. Então, a única interpretação cabível do texto de Rosseau é sua crítica a propriedade privada, ou seja, ao fato de um homem colocar uma cerquinha em volta de um lugar e dizer para os outros que aquilo é dele. Acredita quem quiser ou quem tem juízo...
Outra dica é sempre estar atento à fonte histórica do texto citado. No caso da questão, é um livro de Rousseau Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”. Ora, a origem da desigualdade está na propriedade.
Portanto, gabarito indiscutivelmente é Letra B.

5.     5.  Questão difícil.
O controle metropolitano sobre as colônias européias necessitava de um sistema de portos únicos, além de restrição de informações. Se vários portos pudessem ter contatos com outras colônias e com a metrópole, isso facilitaria o contrabando e ligações que enfraquecessem o domínio. Quanto à informação, a censura era prática corrente para evitar que livros contrários à ordem feudal e absolutista circulassem nas colônias. Por isso, havia pouca produção cultural colonial, e consequentemente, a população que lia era muito reduzida. No Brasil, o mapa mostra que nós estávamos bastante atrasados culturalmente em relação às colônias espanholas. A Imprensa Régia por aqui só foi criada com a Vinda da Corte, em 1808.
Os limites do controle metropolitano são demonstrados nos mapas porque contrariam a vontade da metrópole de que suas colônias tivessem contato umas com as outras. O que acontece no mapa não era permitido por Espanha e Portugal, era proibido, mas eles não tinham como fiscalizar todo o litoral.
Portanto, é Letra C.

Não é Letra A porque o mapa indica várias rotas comerciais atravessando o Caribe.

Não é Letra B porque o segundo mapa indica que havia produção cultural na América Espanhola, mesmo que incipiente.

Não é Letra D porque os mapas mostram que mesmo com todas as proibições das metrópoles, os colonos praticavam comércio uns com os outros. Não havia controle porque as metrópoles não conseguiam, mas elas queriam.

6.    6.   O decorrer do século XIX marca o processo da Segunda Revolução Industrial, caracterizado pelo desenvolvimento tecnológico nas comunicações (como o telefone e o telégrafo), nos transportes (navios à vapor e ferrovias) e nas fontes de energia (eletricidade e petróleo). Além disso, ocorreu um processo de concentração de capital (tendência à monopolização), com a formação de grandes empresas que desfrutaram as inovações tecnológicas para investir capitais em outras regiões, numa relação centro-periferia do Capitalismo, países industrializados x países agrícolas.
Durante a 2ª RI, ocorre também a difusão da industrialização nacional na Alemanha, França, Estados Unidos e Japão, formando novas potências em competição com a Inglaterra.
Mas, o processo de concentração de capital também acarretou nas migrações européias para outros lugares, como o Brasil, devido ao desemprego e à concentração de terras.
Por isso, o Gabarito é letra D.

Não é Letra A porque a migração européia não era um plano de dominação. Estavam mais para “refugiados” do Capitalismo do que agentes de exploração dos países europeus.

Não é Letra B porque os investimentos estrangeiros são uma forma de exploração e de dominação dos países de origem dessas empresas, e não contribuem para diminuir a desigualdade social porque uma das coisas que atraem essas empresas é a mão-de-obra barata, aumentando suas possibilidades de concentração de capital investindo nesses países. O Brasil é um país industrializado, mas não se tornou menos desigual por isso.

Não é Letra C porque Brasil e Argentina não eram potências continentais, e a atração que exerceram se deveu ao fato de serem economias em processo de modernização e expansão do mercado consumidor.

7.    7.    A lentidão do processo abolicionista se explica pelos interesses de elites rurais conservadoras que não queriam que a abolição se transformasse numa revolução social. Por isso, a liberdade conquistada não garantiu a inserção dos negros na sociedade capitalista, e na prática não correspondeu a equalização de direitos dos brancos.
O texto indica a data: junho de 1888, quase um mês depois da Lei Áurea. O Barão de Cotegipe era escravista, sendo responsável inclusive pela Lei dos Sexagenários (1885), que supostamente daria liberdade aos escravos idosos, mas na verdade o interesse era livrar os donos de sustentar os negros velhos. Essa lei também é chamada de Saraiva-Cotegipe.
Portanto, a fala irônica indica que os libertos não ascenderiam socialmente.
Cotegipe hesita chamar os libertos de cidadãos, mas não diz que deveriam ser escravos. Por ser uma questão de interpretação, não há discussão, é Letra B.