Estou publicando este texto devido a importância dele nos vestibulares atuais. Então fiquem atentos, e tenham uma boa leitura!!!
PS: Há outra parte sobre Congresso de Viena e Unificação da Itália e Alemanha que publicarei em breve.
Intensivo: Há um texto de Revisão sobre colonização da América do dia 07/05. Só jogar n busca da Blog
Um abraço a todos e bons estudos
Luiz
Movimentos sociais no século XIX
Pensar na revolução dupla (Revolução Industrial e Francesa) significa para nós refletir sobre os alicerces políticos, econômicos e sociais do mundo atual. É fundamental que a gente compreenda seus desdobramentos.
O século XIX será marcado pela consolidação do Capitalismo, um processo caracterizado pela brutalidade social, pela expropriação de camponeses pobres, pelo desemprego em massa de artesãos frente à competitividade da máquina, o trabalho “livre”, entre aspas mesmo, pois é a necessidade que força os trabalhadores a se deixarem explorar até os dias de hoje. “Tem que trabalhar mesmo, quem não trabalha é vagabundo... não é justo que o cara que não trabalha seja sustentado por outros...” Quem nunca ouviu isso? Primeiro: muitos alunos só estão em sala porque outras pessoas trabalham para que os mesmos tenham essa oportunidade (vocês são vagabundos por isso?) Segundo: se houvesse emprego para todos e um salário que garantisse a dignidade, aí sim estaríamos falando de justiça. Ao pobre portanto sobraram 3 escolhas: vender sua força de trabalho para a burguesia em troca de migalhas de pão; morrer de fome ou das diversas epidemias nos bairros pobres e insalubres das cidades industriais; rebelar-se, propondo uma sociedade e uma realidade alternativa à sociedade liberal capitalista. São esses conflitos e tensões sociais que vamos trabalhar hoje.
Liberalização no campo
Vimos no decorrer das aulas anteriores que a sociedade feudal possuía relações sociais de caráter próprio: senhores feudais e servos, com direitos e deveres de cada um. O feudo não podia ser considerado uma propriedade, porque não podia ser vendido, nem comprado: A posse do feudo poderia ser mantida porque ela estava ligada a uma questão de privilégio concedido pelo Rei, o maior suserano, ou por outros menores, e não por riqueza econômica. (inclusive a palavra feudo vem do latim feudum, que significa posse).
A transição do Feudalismo para o Capitalismo forçaria a mercantilização das terras, tratadas a partir daí como propriedades que podiam ser obtidas por qualquer um que pudesse comprá-las. Antes, por mais falido que um senhor feudal pudesse estar, ele não perdia necessariamente seu feudo. Esse fato travava a expansão do Capitalismo: Como ganhar lucros no campo se as terras estão amarradas nas mãos da nobreza feudal? Pior ainda, nem dá pra comprar as terras, pois feudo não se compra. Então era necessário romper essa trava. Em outras palavras, o liberalismo econômico abria os campos dessa forma à competição capitalista, na qual quem vence é sempre o maior tubarão. Lógico que os peixinhos no campo seriam os camponeses pobres... Faz parte?
A liberalização econômica assumiu seu aspecto mais cruel quando expropriou (arrancou a propriedade) os camponeses pobres de suas pequenas porções de terras, forçando-os ao trabalho “livre” e assalariado, a migrar para as cidades ou outros lugares (inclusive, é nesse contexto histórico que muitos europeus migraram para a América, inclusive para o Brasil... essas novelas falando de famílias italianas que começaram a vir para cá estão falando de pessoas que estão fugindo da crise econômica no campo europeu, em parte causada pelo liberalismo econômico).
Contradições sociais na sociedade capitalista
A máquina provocou mais mudanças do que muitas vezes imaginamos: ela passou a ditar o ritmo de trabalho no mundo. A relação que temos com o relógio hoje, a qual cada minuto, cada segundo é importante, só vai surgir após a Revolução Industrial (antes disso, os homens só sabiam que horas eram de acordo com os sinos das Igrejas, que tocavam de 3 em 3 horas). Quanto mais rápido for o trabalho, maior é o lucro, afinal “tempo é dinheiro”.
Pelo lado da produção, a máquina explodiu a relação existente entre quantidade de produtos - tempo necessário para produzi-los. Mas no lado social, ela intensificou a desigualdade social entre quem tinha a máquina (o dono do meio de produção) e quem operava a máquina (força de trabalho).
As cidades industriais foram segregadas entre bairros ricos e pobres, estes últimos completamente deprimentes. Eles tinham problema de “fartura”: “farta” água, “farta comida”, “farta roupa”... Daí, aquele velho companheiro do infortúnio e da depressão dos cornos mansos entrou massivamente em cena para afogar as mágoas da massa explorada: o álcool. Além disso, as taxas de crimes contra a propriedade (roubos, assaltos) cresceram assustadoramente (bem diferente da realidade brasileira hoje...), acompanhadas da prostituição e do infanticídio (a mãe matando o próprio filho), este último talvez como uma tentativa desesperadora de evitar que o filho sofra a miséria dos pais. Para piorar, um camarada chamado Thomas Malthus (1766-1834) criou a Teoria Malthusiana, que dizia nada mais nada menos que o seguinte: Pobres são pobres porque fazem muito sexo e por isso tem muitos filhos (pô, o cara não tinha televisão, não tinha comida, não tinha nada... fazer o quê né rsrsrsrs). Para acabar com a pobreza no mundo, bastava uma coisa: que os pobres parassem de ter filhos. Assim só teriam ricos no mundo. Malthus jogou a culpa da miséria nos pobres coitados de fazerem sexo e se reproduzirem, enquanto a culpa pela reprodução da pobreza está no próprio sistema, que distribui as riquezas de forma desigual. Foi o que eu já falei: Existem ricos porque existem pobres... é ilusão achar que todos podem ser ricos.
Ao mesmo tempo, a burguesia festejava com a expansão industrial, com a conquista de novos mercados, com suas casas e roupas chiques, afinal, eles eram ricos e bem sucedidos devido ao talento deles nos negócios (e também porque faziam menos sexo...). O pensamento liberal age como se a riqueza tivesse ao alcance de todos, basta trabalhar e correr atrás. Basta trabalhar?
Quem ralava mesmo eram os operários, enquanto os patrões ficavam lá, sentados na poltrona contando os lucros, fumando charuto e assediando as secretárias, sem fazer nada. Esta seria uma das principais contradições do Capitalismo, as quais serão contestadas pelo Socialismo e pelo Anarquismo, basicamente.
Os movimentos de resistência e revolta trabalhadora
“Cada um por si e Deus por todos”. Eis um lema do Liberalismo, caracterizado também pelo individualismo, pela competição “natural” na qual o melhor ou o mais preparado vence. A miséria e a pobreza seriam um acidente, que naturalmente seria corrigido pela própria economia. Sabemos que não é assim.
As contradições sociais da sociedade capitalista permitiram o fortalecimento do que chamamos de Socialismo. Este ganha força no século XIX como alternativa ao Capitalismo liberal. Enquanto este último se baseia no individualismo e na propriedade privada, o Socialismo prega o cooperativismo entre os homens e a igual distribuição de riquezas, além de reconhecer na propriedade privada a origem das desigualdades sociais.
Os primeiros socialistas foram chamados socialistas utópicos, como Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837) e Owen (1771-1858), foram chamados dessa forma porque acreditavam que o Capitalismo daria lugar ao Socialismo de forma pacífica, através da conscientização dos homens sobre as injustiças sociais do mesmo. Conversa pra boi babar de sono, até parece que não temos a consciência de que o melhor para todos seria se a riqueza fosse distribuída, mas fazemos algo por isso? Estamos preocupados neste momento com nossas carreiras, nossas vidas, nossos sonhos de consumo, e não com o bem comum da Humanidade. O que os socialistas utópicos ignoraram foram dois fatores: 1) que a ideologia da burguesia influencia as camadas menos favorecidas, fazendo com que estas pensem como ela. É por isso que nós não lutamos por uma sociedade mais justa, pois a ideologia liberal, individualista e egoísta, a ideologia das elites enfim faz parte, seja mais seja menos, do nosso modo de pensar e agir; 2) que só a união dos menos favorecidos em geral podem forçar mudanças no sistema.
Esta foi a idéia propagada pelos socialistas científicos, a idéia de que a sociedade possui conflitos entre patrões e empregados, ricos e pobres, e mudar a sociedade necessita da organização dos trabalhadores, unindo-se contra a burguesia. É a chamada (e muito famosa) luta de classes, a queda de braço constante entre quem tem tudo e quem não tem nada. Dos socialistas científicos, temos os famosos Karl Marx (1818-1883) e Frederick Engels (1820-1895). Mas o Socialismo não era a única corrente ideológica que influenciava as classes trabalhadoras. Temos também o Anarquismo (ana = negação; arquia = poder, comando), no qual temos como principais defensores Max Stirner (1806-1856) e Michael Bakunin (1814 –1876). Eles defendiam a total extinção do Estado e de todas as suas instituições, a polícia, o exército etc. Eis uma questão fundamental: os anarquistas também querem uma sociedade comunista, a diferença entre eles e os socialistas é que os anarquistas defendiam uma transformação imediata da sociedade, através da luta incessante, enquanto para os socialistas era necessária uma transição, o Socialismo, no qual haveria uma ditadura dos trabalhadores para que arrumassem a casa para o Comunismo, que é uma sociedade sem propriedade privada e sem Estado. A diferença portanto entre Socialismo e Anarquismo é o caminho, não o horizonte, pois os dois almejam uma sociedade comunista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário